Final de semana programado, escolher entre uma das duas festas que teriam na região. Escolhemos a festa de Cubas, distrito de Ferros que de carro do PSF dirigido por uma motorista pé pesado gasta 2 horas na estrada de terra pra chegar. Pensamos que lá, mesmo sendo bem mais longe que a outra festa, teríamos carona e lugar pra ficar certo. Pensamos. Iríamos ficar na fazenda de um primo de um dos meninos da turma, fomos pra lá em um jipe fechado com 8 pessoas e suas respectivas bagagens, 1 compressor que seria entregue no caminho e mais 1 garrafa e meia de vodka que não podiam ser quebradas.
Após quase 3h de viagem, chegamos a Cubas. Fomos tomar banho, e para economizar tempo, água e luz, eu e Mary tomamos banho ao mesmo tempo. Um momento agora para um mini-flashback: antes de sair de casa eu queria lavar o cabelo, porque festa na roça, com muita gente no lugar ou a LUZ ACABA ou a ÁGUA ACABA, mas acabei sendo convencida de fazer isso lá mesmo, antes da festa. Continuando então, fomos tomar nosso banho no distrito, ao invés de ir para a fazenda, porque NÃO TINHA LUZ na fazenda (1ª parte: concluída). No banho, enquanto uma passava condicionador no cabelo e a outra ensaboava o corpo, a água começou a gotejar no chuveiro, logo a ÁGUA TAMBÉM ACABOU (2ª parte: concluída). Fizemos todas as manobras e macetes ensinados para tentar fazer o chuveiro funcionar, e nada. O sabão começou a secar e o frio a apertar, até que o dono da casa conseguiu arrumar a bóia da caixa d’água, que era o que estava estragado e tudo ficou bem novamente. Primeira prova vencida! Arrumamos e sentamos no sofá com um ânimo de bicho preguiça, Mary já cochilando no ombro da Carol (acadêmica de medicina), esperando o resto da galera ficar pronta. Fomos então para a rua, começamos a beber a vodka e fomos para o ginásio onde tava rolando um showzinho de alguém e seus teclados que toca de tudo no mesmo estilo musical. Só sei que o negócio começou a esquentar, começamos a dançar, rimos horrores de algumas pessoas dançando, pedimos música e até dançamos com um menino de 12 anos, aparência de 8, cabeça poluída de pelo menos uns 20, mas que dançava bem pra caramba. A festa foi ótima!
Fim de show, fomos na casa do menino pra pegar algumas cobertas e a mãe dele avisou que fazia muito tempo que ela não ia na fazenda pra limpar, que devia ta tudo sujo porque o pessoal que trabalha lá entrava com a bota suja de curral (vulgo bosta de vaca). Como o povo queria continuar a farra, fomos pra fazenda mesmo! Não deu outra, a casa tava realmente toda suja de bosta pelo chão!! Pausa dramática: um dos meninos da turma tinha que trabalhar domingo de manhã e implorou encarecidamente para o carona levar ele embora EEEE conseguiu! O carona foi embora e é claro que ele não voltou mais. Domingo o dia arrastou...nada do carona aparecer nem atender o telefone, falaram que ia um carro da prefeitura buscar as caixas de som lá e que pegaríamos carona com ele. Pausa para reflexão: vê se vai um carro da prefeitura num distrito 2 horas de distancia para buscar um som em pleno domingo à noite? O distrito é tão longe que a maioria do pessoal de fora que tava na festa era de Ipatinga e Coronel Fabriciano. Conversa vai, conversa vem, perdemos carona com o Padre, com o prefeito e com várias pessoas que voltaram para Ferros, até que conseguimos carona só às 19:30h com um caminhão pau de arara que levava as barracas de comida e bebida de volta pra Ferros. Quando o caminhão chegou na porta da casa onde a gente tava, uma mulher solta lá de cima: “Esse tanto de gente? Se fosse 1 ou 2 pessoas dava.”. Éramos 7 querendo pegar carona num caminhão que já tava com a boleia cheia, carroceria com barracas desmontadas, 8 pessoas já, freezer, muitos galões de pinga e até uma moto! Quando a mulher falou que não dava pra levar muita gente, Mary já pulou no caminhão e se camuflou no meio das pessoas (Mary falando: lógico, garantir o meu mais rápido, passar a noite em Cubas estava fooora de questão! Compromisso nosso na UBS é 08h). Fomos de caminhão eu, Mary, a Carol e um dos meninos da turma, o resto ficou pra trás. Nos paramentamos para a viagem, afinal a poeira já come solta dentro do uno, imagina na carroceria de um caminhão: Mary com óculos escuro e uma blusa na cabeça, eu com uma toalha na cabeça. Viemos comendo uma poeira danada misturada com a fumaça de diesel que vinha toda na gente, além das galhadas na cabeça.
Todos muito alvoroçados com a viagem e Mary solta: “Pelo menos a gente vai olhando o céu estrelado!”. Daí a gente olha pro céu e não acha uma estrela, pura nuvem. Beleza, sem céu estrelado. Viagem continua até que começa a surgir na carroceria o boato de que o caminhão tava pegando fogo, o motorista para o caminhão e explica pra todo mundo que quando ta queimando diesel, o cano de descarga solta faísca mesmo. Tudo bem então, segue viagem. Aproveitei a toalha na cabeça pra tirar um cochilo e então Mary me acorda e fala: “Olha isso!”, quando eu olho, tava começando a pingar (tipo garoa). Desgraça pouca é bobagem, né? E o medo de chover? Se chuvesse a gente molhava tudo e o caminhão não andava, graças a Deus não choveu! Chega então numa encruzilhada na estrada e o motorista entra no caminho errado, ele para o caminhão e avisa que ia numa fazenda buscar 300 L de pinga SÓ e que era melhor a gente esperar na estrada porque no caminho tinha um tanto de galha que ia regaçar a nossa cara (sim, ele falou desse jeito). Desceram todas as mulheres e crianças e o colega que veio com a gente. Eu não escutei o tempo que o moço disse que ia gastar, só sei que eu assustei quando vi a mulherada fazendo uma fogueira, pensei que ia durar a noite inteira, pois até fogueira estavam fazendo. A Mary que ouviu que ia demorar meia hora e tranqüilizou a gente. Viagem continuou, chegamos em Ferros às 23:00 (pra quem esqueceu, saímos de lá 19:30=3h e meia de viagem). Descemos longe do centro e ainda tivemos que ir de moto pra casa! Foi difícil, cansativo, mas valeu a festa e a experiência. Dá pra contar pros filhos, netos e em muito papo de buteco!
PS: Scheila, não consegui encaixar você em nenhum personagem dessa história! Mas você não perde por esperar! Minha vigança será maligna! HUAHAUHAUHAUAHAUAHUAHUAHAUHAUHAUAHUAHAUHAUHAUHAU!
